O que é apego e por que é importante?

Lagarta Pintada Reply 07:44
Recentemente eu terminei um curso de psicologia infantil desenvolvimental. Os vídeos do curso online -- totalmente gratuito e excelente --, abriram as portas para eu descobrir teorias que explicam muita coisa no relacionamento entre pais e filhos.

Uma das aulas mais interessantes foi sobre teoria do apego. Apego é o termo usado por psicólogos para definir a forma específica como uma pessoa se relaciona com as outras. O estilo de apego de cada pessoa é formado no início da vida, durante os dois primeiros anos. Uma vez estabelecido, é um estilo que influencia o comportamento na forma como a pessoa interage com seus filhos e até mesmo em relacionamentos íntimos. Compreender o seu estilo de apego é útil porque oferece uma visão sobre como os seus sentimentos se desenvolveram desde a infância. Também ajuda a entender suas limitações emocionais como adulto e o que você precisa para mudar para melhorar seus relacionamentos pessoais, inclusive com seus filhos.



Padrões de apego em crianças pequenas


Crianças pequenas precisam desenvolver um relacionamento com pelo menos um cuidador principal, para o seu desenvolvimento social e emocional ocorrer normalmente. Segundo a teoria do apego, durante os dois primeiros anos, a forma como pais ou cuidadores reagem às demandas do bebê permitem que a criança desenvolva maior ou menor sensação de segurança. Se o cuidador está disponível e é sensível às suas necessidades, a criança então desenvolve uma relação de confiança com aquela pessoa. Esta pessoa se torna uma base segura para a criança, em seguida, explorar o mundo. Se, ao contrário, a criança não forma um vínculo seguro com seu cuidador, o que acontece? Ainda que os estilos de apego exibidos na idade adulta não sejam necessariamente os mesmos que os observados na infância, as pesquisas sugerem que a incapacidade de formar vínculos seguros no início da vida podem ter impactos negativos posteriores sobre o comportamento, tanto na infância como ao longo da vida adulta. Por exemplo, os bebês que desenvolvem padrão de apego seguro na infância tendem a ter boa auto-estima, relacionamentos românticos estáveis e a capacidade de se vincular emocionalmente aos outros. Quando adultos, tenderão a apresentar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Padrão de apego "seguro":

Quando a criança é criada com a confiança de que seu cuidador está disponível para ela, ela se torna menos propensa a experimentar medo, em comparação àquelas que crescem em um ambiente onde não existe essa confiança. Ou seja, a figura de um cuidador atento às manifestações da criança e que reaja oferecendo comida, conforto ou consolo de forma consistente, nos primeiros anos de vida, é fundamental para o estabelecimento do apego em bases seguras.

Os pais de crianças que apresentam padrão de apego "seguro" normalmente brincam por mais tempo com seus filhos. Em geral, esses pais reagem mais rapidamente às necessidades de seus filhos e são mais sensíveis do que os pais de crianças com apego "inseguro". Estudos têm demonstrado que as crianças com segurança no apego tendem a ser mais compreensivas e ter maior empatia com o próximo posteriormente na vida. Estas crianças também são consideradas como menos agressivas e mais maduras.

Padrão de apego "esquivo":

Há adultos que são emocionalmente indisponíveis e, como resultado, se comportam de forma insensível com relação às necessidades de seus filhos. Quando a criança chora, eles não reagem prontamente nem interagem satisfatoriamente e, com isso, estimulam a que os filhos se transformem precocemente em "pequenos adultos", que cuidam de si próprios e aprendem a não verbalizar suas emoções. Essas crianças crescem com o sentimento de que não precisam de nada de ninguém e de que podem ser autossuficientes. A falta de sintonia de seus pais fazem com que desenvolvam um padrão de apego tipo "esquivo".

Padrão de apego "ansioso/ambivalente":

Alguns pais reagem de forma inconsistente: às vezes, comportam-se de forma apropriada e com carinho, mas outras vezes são intrusivos ou insensíveis às demandas da criança. Como resultado, os filhos tendem a se tornar confusos e inseguros, sem saber que tipo de tratamento esperar de outras pessoas. Ao mesmo tempo em que a criança cresce com desconfiança da relação com seu cuidador, ela também tende a ser dependente e insegura. Estas crianças desenvolvem um padrão de apego "ambivalente/ansioso" em virtude da imprevisibilidade de seus pais. Ainda dentro deste padrão, estão aqueles pais superprotetores, que fazem muito além do que seria desejável ou necessário para os filhos. Esses pais, que não permitem que o filho assuma riscos e caminhe em direção à independência, tendem a produzir filhos "grudentos", que não toleram a ausência dos pais e procuram garantias de afeto e segurança constantemente.

Padrão de apego "desorganizado":

Quando um pai ou cuidador é abusivo com a criança, ela vivencia crueldade física e/ou emocional como sendo uma ameaça à sua própria integridade física. Esta criança fica presa em um dilema terrível: seus instintos de sobrevivência orientam a fugir e buscar segurança, mas a segurança é a própria pessoa que a atemoriza. A figura de apego é a mesma fonte de angústia da criança. Nessas situações, as crianças normalmente desassociam-se de si próprias. Elas se desvinculam do que está acontecendo com elas e a consciência bloqueia a fonte de sofrimento. As crianças que vivenciam esse tipo de conflito desenvolvem um padrão de apego "desorganizado", originado de figuras parentais abusivas ou cruéis.

Como identificar o estilo de apego do seu filho


Estilos de Apego
Estado da criança
Atitude do cuidador
Satisfação das necessidades da criança
Seguro
Seguro, curioso, feliz
Atento, sensível, consistente
Crê que suas necessidades serão atendidas
Inseguro - Evitativo
Emocionalmente distante, não tem interesse em explorar ambientes ou pessoas
Pouco reativo e pouco sensível
Acredita que suas necessidades provavelmente não serão atendidas
Inseguro – Ambivalente ou Ansioso
Ansioso, inseguro, irritado
Inconsistente, pode oscilar entre negligente e sensível. Também pode ser excessivamente protetor
A criança não tem certeza se suas necessidades serão atendidas ou não
Desorganizado
Apático, depressivo, baixa interação
Errático, pode ser ameaçador ou intrusivo
Confuso, sem direcionamento para satisfazer suas necessidades emocionais

Muito bem, mas agora o que eu faço com essa informação?

Pois é, eu estou justamente estudando isso. Algumas conclusões dos estudiosos sobre os impactos da teoria apontam para a eficácia da "responsividade parental", isto é, o emprego de atitudes compreensivas na criação dos filhos com o objetivo de, através do apoio emocional e da interação na comunicação, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da auto-afirmação das crianças.

Pretendo escrever em breve um post sobre o assunto. Assim que estiver pronto, vou colocar o link aqui.

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