Apareceu brincadeira no mapa...

Lagarta Pintada Reply 16:43

Quando a criança começa a se interessar por um assunto, é hora de aprender. E, para as famílias que vivem no exterior, as noções de Geografia surgem muito cedo na vida dos pequenos: é o vovô que está no Brasil, a tia nos Estados Unidos, a mudança para o Oriente Médio... e haja explicação.

O mais natural é tentar dar conta de tanta informação usando mapas. Mas, se a gente para para pensar um pouquinho como a criança, percebe que isso não é natural. Como pode uma bola azul cheia de desenhos ser o mundo onde a gente vive? E o Rio de Janeiro que virou só um pontinho? 

Para explicar bem, eu precisava começar do começo. Na verdade, já fazia tempo que eu queria fazer alguma atividade com mapas aqui em casa. Achei que o melhor jeito seria começar com algo que Sissi pudesse entender, dimensionar e, se possível, construir para então depois fazermos o mapa. Propus a ela então construir uma pequena casa de bonecas e fazer um mapa da casa, para poder planejar caminhos entre os cômodos.

A casa de bonecas foi montada em alguns minutos com duas caixas de papelão, tesoura e fita isolante. Deixei que ela brincasse um bocado com a novidade. Depois que o interesse começou a diminuir, retomei a ideia do mapa. Expliquei a ela que um mapa era o desenho de algum lugar (que pode ser casa, cidade ou até país), feito para ajudar uma pessoa a não se perder.

Primeiro, expliquei o que era um rascunho e porque iríamos precisar de um. Em seguida, fomos observar a casinha por cima, para ela poder identificar as formas de cada objeto. Ela estranhou que o sofá e a cama tivessem o mesmo formato no mapa. Discutimos as posições de cada móvel nos cômodos: como o gato faria para receber suas visitas, porque os móveis não poderiam ficar muito perto das portas etc.
Quando o rascunho ficou pronto, passamos para o mapa de verdade. Usei umas sobras de EVA adesivo e papel criativo. Tracei o contorno dos móveis no EVA e ela cortou e colou no mapa definitivo. Foi bom ter feito o rascunho porque, na hora de colar, ela sabia direitinho onde colocar cada móvel e também já identificava o formato de cada um no plano em 2D.
Tudo pronto, colocamos o mapa e a casinha lado a lado para comparar. Pelo tempo que gastamos (cerca de 30 minutos ao todo), eu fiquei bem satisfeita com o resultado. Toda a ideia da brincadeira era criar um mapa para ajudar a orientar o gato dentro da casa. Ela curtiu muito mover o gato de acordo com as minhas instruções, mas gostou mais ainda de me dar instruções para direcionar os movimentos do gato. 

Acho que esse brinquedo ainda vai render muitas outras atividades divertidas.










Lidando de forma positiva com as próprias emoções

Lagarta Pintada Reply 16:58

O último mês foi enrolado. Fazer sozinha a decoração da festinha de aniversário da Sissi não foi moleza. Ela estava elétrica, pouco colaborativa e disposta a testar quase todos os limites já negociados entre nós duas. Foram dias em que eu precisei muito das minhas habilidades socioemocionais. Não só para ajudar minha filha a lidar de forma positiva com as emoções dela, mas também me ajudar com as minhas. 

Boa oportunidade para colocar em prática as estratégias que eu venho pesquisando para ensinar regulação emocional à minha Pequena Imperatriz.

Em um post anterior, eu falei sobre um livro que explica como a mente processa a regulação emocional. Durante a leitura, entendi que essa regulação sempre envolve envolve três elementos: a situação desencadeadora, o processamento interno da emoção; e uma resposta. 
Exemplo concreto: A criança está brincando na sala e a mãe chega avisando que é hora de dormir (situação). A criança ouve, avalia o aviso da mãe como algo negativo (processamento); e, por fim, reage fazendo birra e dizendo que não (resposta). 

A mente da criança possui um repertório de respostas que ela "se acostumou" a escolher diante de determinada situação/emoção. Foram várias vezes em que ela ouviu a mãe dizer alguma coisa naquele mesmo tom de voz, e ela sabe, instintivamente, que quando o mesmo olhar e tom de voz da mãe aparecem, é porque vem alguma coisa desagradável. A situação de alerta aciona uma espécie de "memória emocional" do cérebro. Essa memória relembra como a criança reagiu em situações parecidas, ou seja, quanto mais a criança se comporta de uma forma, maior a tendência de ela repetir esse comportamento.

Como diria a minha mãe: é de pequenino que se torce o pepino. Ou, quanto mais enraizado o hábito, mais difícil de mudar. 

Por isso a importância de interferir no processo para substituir o hábito negativo pelo positivo. Segundo a minha leitura, o importante é buscar estratégias adaptativas, ou seja, estratégias que ensinem seu filho a aprender a lidar melhor com as emoções e permitam que ele aprenda a controlá-las de forma interna e independente. Porque controlar o comportamento pode ser o seu objetivo de curto prazo, mas no longo prazo, você tem que ensiná-lo a pescar, certo? Até porque você não vai estar sempre por perto para fazer esse "trabalho" por ele.

Uma das estratégias "adaptativas" que venho usando com persistência (e sei que não vai dar resultados do dia para a noite...) é a de reconhecimento da emoção. Sissi está passando pela transição de bebê para menininha, acho que comum entre 3 e 4 anos, com aquela tensão de novas responsabilidades (ir à escola, escovar dentes, guardar brinquedos, ser "menina grande"!) e, vira-e-mexe dá um ataque de "bebezite". Chora por qualquer coisa, se recusa a conversar, faz manha... 

Percebendo essa fase de transição, decidi usá-la como uma oportunidade de aprendizagem. Sentei e me coloquei na mesma altura dela, como eu sempre faço quando quero ter uma conversa mais "elaborada". Expliquei, em linguagem acessível, o que era emoção e os tipos de emoção que ela tem - e que todo mundo também tem. Dei o exemplo dos bebês, que choram sem conseguir se controlar. E ela, justamente porque estava virando "menina grande", ela podia começar a aprender a conhecer e controlar as emoções.

Ela pareceu entender tudo. 

Claro que entre entender e assimilar existe uma looonga distância. Não demorou muito para surgir a primeira oportunidade de testar meu modelo. Hora da comida: ela vê o prato e anuncia, já colocando a língua pra fora e dizendo que NÃO vai tomar sopa, que quer comer iogurte. Pergunto: como você está se sentindo? Para funcionar, é importante acertar no tom de voz - se eu faço a pergunta com um tom de voz ameaçador, não dá certo. Precisa sair em um tom genuinamente interessado, sem intimidar.

Mesmo assim, ela não consegue atinar que o sentimento é de desprezo. Aqui eu tenho que fazer uma homenagem ao filme Divertida Mente, da Pixar. Ele foi perfeito para exemplificar as reações de uma pessoa que está sentindo: alegria, medo, raiva, nojo e tristeza. As características dos personagens são fáceis de identificar e associar com a rotina da criança. Peguei o computador, mostrei as imagens do filme e ela rapidamente matou a charada. "Disgust!", respondeu, já achando graça...

Demos um passo. A idéia agora será implementar um processo sistemático de reconhecimento de emoções. Vamos ver no que dá.

Até a próxima!

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Olhando no espelho

Mãe lagarta em metamorfose permanente... com família a reboque mundo afora.

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Porque sem sair do casulo, ninguém descobre a verdadeira identidade.

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